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By Ferramentas Blog

quinta-feira, 30 de junho de 2011

ENCONTRO ANUAL DA REGIÃO DAS ÁGUAS

“Se as águas não se encontram, não têm força, não geram vida e apodrecem”.
Dando continuidade à reflexão iniciada em 2010, em Porto Velho, Rondônia, as diretorias da CRB da Amazônia, - Belém, Manaus e Porto Velho, realizaram, nos dias 12 a 15 de maio, novo “encontro das águas”, na firme convicção de que as águas precisam se encontrar para formar o rio e realizar sua missão. Os dois primeiros dias foram realizados com Superiores maiores e representantes de comunidades.
O local do encontro, a casa de Retiros dos Jesuítas, inserido no bairro da Cidade de Deus, em Manaus, foi ícone da temática desenvolvida e da experiência vivida. Um verdadeiro paraíso amazônico, com árvores, aves, águas, flores e frutos, um cenário a ser intensamente contemplado. Uma pequena capela construída sobre águas, onde peixes faziam sua ciranda de vida, sinalizava para a mística deste cenário.
Partindo do texto de Ez 47, das águas que brotam do templo e fecundam as árvores às suas margens, fomos compondo o cenário das águas da Amazônia, que brotam das geleiras, são enriquecidas pelas gotas e chuvas, por neblinas e serenos, formando igarapés, braços de rios, corredeiras e cachoeiras, furos e lagos, somando-se a outras águas, vencendo as mais diversas barreiras, desaguando no oceano, na grande festa da vida.
Como as águas que se encontram e geram vida, a Vida Religiosa Consagrada necessita se encontrar para refletir sua Missão na Amazônia. Partindo da certeza de que ser missionário na Amazônia, o maior bioma do Planeta, é um privilégio, tomamos maior consciência de nossa responsabilidade como VR. Por que e o que significa trabalhar nesta parte do planeta? Qual nossa missão profética neste chão?
Os Bispos, em Aparecida, nos convocam a “criar nas Américas {e no mundo}, consciência sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade” (DA 475). O papa, em seu discurso aos Jovens, denuncia a “devastação ambiental da Amazônia e as ameaças à dignidade humana de seus povos” (DA 85). A nossa responsabilidade como Igreja e como VRC é gigantesca.
Iluminados e iluminadas pela Palavra de Deus, nos dispomos a fazer algumas das travessias necessárias. A exemplo dos primeiros discípulos (cf Mt 4,18-22), fomos chamados/as à beira das águas e convidadas/os a entrar no banzeiro da vida. Muitas resistências nos acompanham e Jesus também nos “obriga” a entrar na barca e atravessar (cf Mt 14,22). Como não se trata de uma travessia turística, as tempestades (cf Mt 8,24-27) são inevitáveis. O segredo reside na total confiança no Senhor. Há sempre o desafio da fronteira, do confronto com o diferente (cf Mt 15,21-28), possibilidades graciosas de se processar a mudança de estruturas e de dinâmicas existenciais.
A realidade das “fronteiras”, tanto geográficas quanto simbólicas, mais uma vez nos desafiam. Urge atravessar realidades onde as feridas da história da humanidade e da mãe terra estão abertas. São feridas sócio-ambientais, religioso-culturais que ameaçam a vida em todas as suas formas. Os grandes projetos econômicos, o tráfico de seres humanos, a violência, o crescente abismo entre ricos e pobres, a destruição do Meio Ambiente, tudo reclama a presença profética da VR.
O bioma Amazônico, constituído do eco-sistema da terra firme, várzeas e rios, tornou-se uma metáfora para iluminar nossa missão e a leveza Institucional. Sob a estrela guia da Palavra de Deus, transmitida em At 15, texto este que revela o caminho do bem viver os desafios de fronteiras simbólicas, buscamos articular os serviços da missão. O serviço Institucional, caracterizado pela continuidade e estabilidade; o da Inserção, feito de encarnação e proximidade, e o serviço de Itinerância, marcado pela conectividade e inclusão. Saber bem articular estas três dinâmicas é fonte de leveza institucional e fecunda missão profética.
Três personagens da travessia do Concílio de Jerusalém (Cf At 15) ilustram o eco-sistema do bioma amazônico (terra firme, várzea e rio) e apontam para a boa articulação das três dinâmicas da missão:
Pedro, pedra, a terra firme, recorda o serviço institucional.
Tiago, encarna a imagem da várzea, da Inserção.
Paulo, o andarilho, vive a dinâmica do rio, é o missionário da Itinerância.
Numa leitura teológica Trinitária, Batismal e da Vida Consagrada, podemos relacionar a Terra Firme, o serviço Institucional, com o Pai, com a missão batismal da realeza e a consagração pela obediência. A Várzea, a inserção, identifica-se com a missão do Filho, a função sacerdotal e a pobreza evangélica. O rio, a Itinerância sinaliza a presença do Espírito Santo, a profecia e a castidade.
E as águas não podem parar de correr. Fomos provocados/as a levar em nossas canoas, um novo jeito de refletir e viver nossa missão e a leveza institucional. Uma profunda inquietação diante dos desafios da Pan Amazônia. A esperança de maior conectividade e projetos comuns. A consciência da necessária articulação entre o agir local e global.
As águas continuam a correr. Ao longo de seu percurso, outras águas se somarão e “haverá vida onde quer que a torrente penetre (Ez 47,9).
Diretorias da Região Amazônica – a “Região das águas”.

Música Nossa Missão